Em sentido literal, “coice” refere ao golpe dos equídeos, desferido pelas patas traseiras, como diz a voz popular: “suave como um coice de mula”. Porém, antes de mais nada, COICE é a sigla derivada de Coletivo de Investigação Cênica Arte Cidadã. Mas, resguardada a sigla e os sentidos literais da palavra dicionarizada, “coice” também abre um leque de sentidos e metáforas ligadas à história do teatro e que traz em seu bojo uma carga ao mesmo tempo poética e mítica.
Diz-se que Zeus, abusando de seu esplendor e poderio como deus dos deuses do Olimpo, constantemente traía sua companheira e irmã Hera. Numa de suas visitas ao plano dos humanos, Zeus conhece a bela princesa Sêmele, filha de Cádmo, Rei de Tebas e com ela vem a ter relações casuais, durante as quais, numa dessas, a jovem veio a conceber a gestação de Dioniso. Entretanto, aos deuses não se permitia que viessem ao plano dos humanos em sua forma natural, portanto, em algumas versões da mitologia, Zeus visitava sua amada Sêmele na forma de um bode, donde a aparência de Dionysos: metade homem, metade bode.
Dioniso, deus olimpiano atípico. Um deus estrangeiro, deus menor, bastardo e o último a entrar no Olimpo. Concebido no ceio de uma relação ardilosa, neto dos Titãs Cronos e Rea, bisneto de Urano e Gaia, o infinito Céu e a Mãe-Terra. Dioniso é o deus mais humano que já povoou o imaginário das crenças ocidentais. Atribui-se também a Dioniso a proteção do Teatro e a criatividade dos seus artistas. Dá-se desta maneira, pois, de acordo com a mitologia, durante uma das festividades dedicadas ao deus bárbaro, quando o cortejo chegou no templo de Dionysos, um jovem rapaz chamado Téspis deslocou-se dos demais coreutas e, num frenesi paroxístico, passou a recitar os versos do hinário que era cantado pelo cortejo das bacantes no ditirambo. Diz-se que deste ato de destacar-se da multidão e presentificar-se diante da comunidade como porta-voz de um ritual carnavalesco e divino, nasceu o Teatro.
Tal como os golpes festivos do deus-bode, o COICE aqui desferido abre alas, em 2019, para o grupo permanente de pesquisa e produção em artes cênicas, ligado diretamente à Fundação de Cultura de Chapecó através do Programa Arte Cidadã. O Coletivo nasce para acolher os estudantes de teatro que pretendem aprofundar os estudos em artes cênicas de forma prática e teórica, valorizando a produção local, promovendo novos intercâmbios culturais e democratizando o acesso à cultura e ao mercado de trabalho no nicho da produção artístico-cultural.
Quadrado Branco Sobre Fundo Branco
Texto e Direção: Manolo Kottwitz Elenco: Orlando Ferreira e Emerson Estacio Sinopse: Forma. Modelo. Imitação. Jogo. Quem deve morrer em nome da Imitação? Há um modelo? A Catarse só pode operar se espectador confundir a imitação com o seu modelo. Haverá morte possível? Classificação etária: +14 (Linguagem complexa) |
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Sonata Nº5
Texto e Direção: Manolo Kottwitz Elenco: Carla Melo e Octávio Rocha Sinopse: O silêncio que nos cerca é o mesmo que nos cosome. Aos poucos, descobrimos que um amor e uma dança tem o mesmo fim que a vida: tudo acaba. Classificação etária: +18 (Linguagem imprópria; sexo, violência) |
Direção:
Manolo Kottwitz
(DRT 0027926/PR)
Elenco:
Ana Gabriela Faccio
Bruna Krauspenhar
Carla Melo
Emerson Estácio
Naomi do Prado
Octávio Rocha
Stéfany Alencar Lira